it's okay not to be okay
"It's okay not to be okay"
"It's okay not to be okay" ou como está traduzido na plataforma Netflix "esta tudo bem não ser normal". "Its okay not to be okay", é uma serie coreana, ou como geralmente é dito "dorama". Que conta a história de Moon Gang Tae e de seu irmão Moon Sang Tae, que é especial. Desde o início da trama, você consegue perceber que pela forma como o irmão do gang tae age, ele provavelmente é diagnosticado com algum transtorno, mais especificamente (tea). E é muito interessante como a série aborda isso trazendo de uma forma realista como que uma pessoa lida e cuida de um familiar com tea.
Bom, se você não faz a mínima ideia do que seja Tea, deixa que eu te contextualizo. A sigla Tea significa (transtorno do espectro autista) que se caracteriza por ser um distúrbio do neurodesenvolvimento que causa déficits na comunicação e interação social, padrões de comportamentos repetitivos e esteriótipados, manias e sensibilidade sensorial. Óbvio que digo de forma abrangente, a tea É muito mais do que esses sintomas, e só quem vive na pele ou quem convive com alguém quem tenha, entende realmente o espectro, mas meu dever aqui é passar uma visão ampla e crítica sobre tal assunto, visando a valorização e visibilidade á pessoas com transtornos neurologicos
No segundo episódio da série, o Sang Tae acaba tendo uma crise. E é interessante analisar isso, O personagem tem hiperfoco em dinossauros, isso é mostrado diversas vezes durante a série, e por ele gostar muito de livros, Ele vai a um evento para ver sua autora de seu livro favorito e receber autógrafo dela. Porém, na fila ele vê uma criança vestida com uma fantasia de dinossauro e seu hiper foco aumenta.
Ele não consegue controlar suas emoções e vai atrás dela conversar sobre dinossauros, só que ele começa a disparar diversas informações sobre dinossauros e as pessoas o julgam. Depois ele mostra gentilmente sua pelúcia de dinossauro para a criança, e se agita pela animação.
O pai da criança, o chama de louco e agarra seu cabelo, ocasionando um gatilho para uma crise e ele começa a gritar desesperado. Seu irmão vem ao seu encontro, e o ajuda a se acalmar, um fato curioso é que o Gang Tae trabalha em uma clínica psiquiátrica e se aprofundou em técnicas para acalmar o irmão caso ele se encontrasse em situações assim em público.
As pessoas julgam o menino, e o acham louco, e fazendo uma crítica, é muito condizente com a forma como a sociedade trata pessoas com espectros ou transtornos no geral. A sociedade geralmente punem e chamam de loucos, como fazem com a maioria que não esta “adequados” para os padrões que a sociedade impõe.
Obs: se você não sabe o que significa hiperfoco, vou te explicar, Hiperfoco é um estado de concentração intensa em uma tarefa específica, a ponto de ignorar o que acontece ao redor e geralmente pessoas com tea ou outros tipos de espectros são diagnosticadas com hiperfoco.
No geral, essa série me fez questionar o que a nossa sociedade faz para adaptar pessoas com espectros na sociedade.
No quinto episódio da série o sang tae durante uma conversa com seu irmao solta essa seguinte frase “ devemos temer o que é diferente?" E contextualizando com a história, será que devemos temer pessoas com espectros? Devemos mesmo tratá-las como loucas? Ao invés se adaptar para que a pessoa se sinta acolhida?
Sinto que a sociedade não é preparada para lidar com transtornos, desde antigamente a forma como tratavam as pessoas não era nada meticulosa. Está com crise? É louco, não consegue falar? É burro e incopetente. Tem dificuldade para prestar atenção nas coisas? É preguiçoso e lerdo. É previsível que em todos os transtornos e psicose as pessoas tentam tornar as vítimas em um monstro aqueles cujo precisava de apoio, de tratamento e paciência, mas é muito mais fácil torna-las loucas, não, é? Fazendo um anexo á série "a rainha Charlotte, uma história de bridgerton" Que conta a história da rainha que se apaixonou pelo rei diagnosticado com esquizofrênia, a história se passa em um período que a medicina e psiquiatra não eram tao evoluidas, as formas de tentar "ajudar" o rei, era tortura- lo, na época Muitos eram submetidos à camisa de força e a técnicas violentas como a lobotomia e o eletrochoque.
Fazendo um anexo, o psiquiatra marco Aurélio Soares Jorge, doutor em saúde pública. Comenta uma frase muito marcante para mim, que diz o seguinte, “Os manicômios não foram construídos com o objetivo de tratar, mas, sim, de excluir aqueles que não se encaixavam no que se pensava ser um cidadão normal”.
Por fim, vou finalizar falando da personagem Yoo Sun-Hae.
Quando ela aparece você a julga um pouco, a mulher se diz uma xamã e começa a "adivinhar " o futuro das pessoas no hospital psiquiátrico. Mas logo você descobre a história verdadeira dela. Bom, Yoo Sun-hae quando era criança, a mãe a espancava e maltratava. Sua família era extremamente instável e seu pai sempre que a via machucada não fazia nada.
Então as agressões continuaram, até que a criança quase morreu, então seu pai a vende para uma xamã, mas no fim a menina é internada no hospital psiquiátrico. A menina ja adulta, como mecanismo de defesa acaba tendo transtorno de personalidade, e mesmo adulta ainda acha e age como uma criança. Muitas pessoas tem um conceito errado sobre hospitais psiquiatricos e do porquê as pessoas internadas agirem de forma "estranha".
Mas você entendendo a história dela, você se choca e entende que tudo que ela precisava era de uma boa base famíliar e é isso que a maioria das pessoas e principalmente crianças com transtornos precisam dessa base, E poucas delas realmente tem.
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